Elas estão nos grupos da rede social WhatsApp, algumas organizadas e outras nem por isso, cobrando de 10 a 100.000 Kz por uma hora ou uma semana de sexo. A prostituição emigrou ao WhatsApp e em grande escala.
Independentemente do facto de ser
considerada a profissão mais antiga do mundo, aquelas que a praticam têm
mostrado que acompanham o desenvolvimento da sociedade e
particularmente da tecnologia, através da qual, por exemplo, o negócio
da prostituição não foi colocado à parte.
Na rede social WhatsApp, falar de
prostituição ou sobre alguma profissional do sexo, não constitui
novidade para muita gente, é um assunto comum, face às partilhas de
mensagens ilustradas ou sonoras. Mas, nem todos os que estão ligados à
mesma rede conseguem ter contacto directo com uma prostituta. Não se
consegue um contacto sem que se esteja ligado a um grupo fechado, onde
poderão estar não só profissionais do sexo como potenciais usuários do
serviço.
O grupo, por si só, não lhe garante o
usufruto do serviço em questão, mas por ser um espaço em que todos os
membros publicam o que quiserem, permite ter contacto com as
profissionais e chamá-las para conversas particulares. Grupos como
“Cozinha Aberta”, “Negócio Fechado”, “Tezudas” e “Papo Recto”, são
alguns dos que encontramos no WhatsApp, em que a maior parte de tempo/
conversas e/ou publicações versam o sexo.
No último grupo, por exemplo, foi
possível conhecer a jovem Cláudia, do Bairro Operário. Numa conversa que
durou pelo menos 3 minutos, Cláudia conseguiu “vender o seu produto” e
esclarecer os serviços de forma directa. Cobra de 25 a 30.000 Kwanzas,
não gosta de fazer vídeo, não gosta de sexo anal e muito menos de
bacanal (orgia). Ainda vive com os pais, por isso o local fica ao
critério do cliente. Seus pais não sabem que está nesta vida, motivo
pelo qual apenas envia fotos de suas partes sensuais e genitais (caso o
cliente peça). Nunca envia o seu rosto.
Com pagamento por IBAN
De todas as jovens com que
conversamos, Bruna é a que pareceu ser mais profissional. O seu perfil é
coberto por uma foto das suas nádegas e não tem papas na língua, gosta
de ser curta e objectiva, “para não gastar o saldo de dados”, deixou
claro. Prende os clientes a partir do momento em que lhe saúdam e
perguntam se está tudo bem, respondendo que “não, estou tesa” e em
seguida envia uma foto sua, na cama, em posição de quatro, mostrando a
parte traseira.
“A ideia é pagar e f*der ”, foi
directa ao assunto. “Cobro por hora, uma hora são 20.000 e duas 30.000
Kz. Sexo oral até atingir o orgasmo 10.000 Kz, noite normal com direito a
beijo e sexo oral 40.000 Kz, noite especial com sexo anal e muito mais
60.000 Kz. Sexo com dois homens, 80.000 Kz. Viagens fora de Luanda com
direito a uma semana de sexo, 100.000 Kz”, ditou. O local é da escolha
do cliente, porém, pelos preços que cobra muitos preferem encontrá-la
num apartamento, no Kilamba. A sua lista de serviços é extensa e tão
logo envia o número do IBAN, pára de conversar e aguarda pela reacção do
cliente.
Caso o cliente denote alguma
hesitação, há garantias, uma vez que envia também o endereço do
apartamento, atende o celular e pede para confirmar o nome do titular da
conta para transferir o dinheiro. Há preços para todos os bolsos, pois
os mais baixos são para os serviços que denomina “fotos e/vídeos da
tezudinha”, onde fotos picantes custam 2.500 Kz, grupo de p*taria 3.500
Kz, vídeo a masturbar- se 5.000 Kz e sexo virtual na plataforma IMO
4.000 Kz.
‘Nem todas fazem por dinheiro’
Com a Keuria, do grupo Negócio
Fechado, é diferente porque para si não é o dinheiro que a faz estar
nesta vida. Não tem qualquer problema em sair com um homem durante uma
semana, por exemplo, como dama de companhia; dormir em hotéis, passear
em risortes ou passar férias noutras províncias sem ser paga pelos
serviços. Simplesmente gosta de ter “a vida luxuosa”, apesar de ter
feito publicidade no grupo com uma foto mostrando as partes íntimas.
“Parece ser séria, à primeira vista ,
não deixa transparecer que é ‘da vida’, mas só faz isso por mero
prazer”, confidenciou-nos D.M Jr., o jovem com quem ela saiu uma vez.
Apesar de o negócio ser lucrativo, por um lado, e com muita
concorrência, ainda existem muitas jovens inexperientes, que hesitam em
aceitar certas propostas dos clientes e mostram-se despreocupadas em
expor o rosto, como é o caso de Luisa. Luisa leva tempo para responder
aos clientes, mesmo sem saber qual serviço (anal, oral ou vaginal) .
A moça estipula o preço de 15 mil
Kz, não aceita a proposta de fazer sexo anal e o pagamento é feito
depois do serviço. A nossa conversa foi em OFF depois de a jovem ter
postado duas fotos no supracitado grupo, mas no final ficou sem
responder a muitas de nossas inquietações.
Um preço comum da rede
Na mesma rede social foi posta a
circular a gravação de uma jovem que sugeria às suas colegas que
adoptassem um preço único, uma vez que muitas acostumaram- se a cobrar
30 mil Kz. A jovem justifica que deste modo ninguém sai a perder, e
porque o país atravessa uma crise económica, deviam cobrar entre 15 a 25
mil.
“Deve ser feito um desconto àqueles
que são mais delicados, que levam a almoçar e passear, para além de
pagar a hospedaria. Portanto, vamos fazer uma hora, uma fda (entende-se até atingir o orgasmo) 15 mil Kz, duas horas, duas fdas 25 mil Kz”, ouvese no material áudio posto a circular nos grupos.
Snapchat será a próxima paragem
Para além do WhatsApp, também existe o aplicativo Snapchat, que ainda é pouco usado entre os internautas angolanos, cuja prostituição é melhor desenvolvida e mais sofisticada para quem quer privacidade neste tipo de envolvimento. É um aplicativo no qual os usuários podem tirar fotos, gravar vídeos, adicionar textos e desenhos à imagem e escolher o tempo em que a imagem ficará no visor do amigo de sua lista.
Para além do WhatsApp, também existe o aplicativo Snapchat, que ainda é pouco usado entre os internautas angolanos, cuja prostituição é melhor desenvolvida e mais sofisticada para quem quer privacidade neste tipo de envolvimento. É um aplicativo no qual os usuários podem tirar fotos, gravar vídeos, adicionar textos e desenhos à imagem e escolher o tempo em que a imagem ficará no visor do amigo de sua lista.
Isto é, após a abertura de qualquer
ficheiro recebido, o Snapchat tem o prazo limite de 1 a 10 segundos para
eliminar. Não arquiva nada. Por exemplo, a imagem ou vídeo são
excluídos do dispositivo e também dos servidores, ao contrário do que
acontece no WhatsApp.
Procedência: O País